Se eu enlouquecesse amanhã eu não me importaria com as
contas, com a roupa com o corpo flácido com o que qualquer um pensasse eu mesma
não pensaria. Poria um casaco se
esfriasse, tomaria um analgésico se adoecesse, e cantaria baixinho ou nas alturas
ou ficaria calada em meu silencio sagrado, qualquer coisa menos o corpo ou as
contas vencidas e os outros.
Não cortaria os cabelos, nem deixaria de assistir a
programas na TV, teria uma existência mais
leve, bateria meu ponto, faria as compras, brincaria com os gatos, entorpecer
ia-me na cama e não pensaria com raiva desses
outros que nos dilaceram.
Ou pensaria sobre tudo, mas de outra forma. Digo a mim mesma que enlouqueceria, mas não beberia um gole, não daria um trago e surtaria como uma ninfa flácida e linda.
Não enlouqueceria freneticamente na frente do chefe porque
gostaria dele, apreciaria o trabalho como fonte de criação de algo para alguém.
Não me atrasaria, pentearia os cabelos para que apreciassem a linda cor deles,
limparia os sapatos, tiraria o pó dos casacos e sorriria dizendo bom dia, e
seria verdadeiro, como tantos não. Atenderia as expectativas mesmo as mais
banais. Mas ainda surtaria como uma ninfa flácida e linda.
Não xingaria mais o sistema, apenas enlouqueceria e
germinaria algo novo. Seria leve, louco e nessa histeria estaria apta a tudo.
Seria promovida, ganharia dinheiro, e vejam só conseguiria pagar as contas!!!!
Apta a tudo!!!!